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O homem que se vê às voltas com a necessidade e se deixa morrer de desespero pode ser considerado como suicida?

É um suicida, mas os que o causaram ou que o poderiam impedir são mais culpáveis que ele, a quem a indulgência espera. Não acreditem, porém, que seja inteiramente absolvido se lhe faltou a firmeza e a perseverança, e se não fez uso de toda a sua inteligência para sair das dificuldades. Infeliz dele, sobretudo, se o seu desespero é filho do orgulho; quero dizer, se é um desses homens em que o orgulho paralisa os recursos da inteligência e que se envergonhariam se tivessem de dever a existência ao trabalho das próprias mãos, preferindo morrer de fome a descer do que chamam a sua posição social! Não há cem vezes mais grandeza e dignidade em lutar contra a adversidade, em enfrentar a crítica de um ser fútil e egoísta, que só tem boa vontade para aqueles a quem nada falta, e que volta as costas a vocês quando dele necessitam? Sacrificar a vida à consideração desse mundo é uma coisa estúpida, porque ele não se importará com isso.