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Desde que os Espíritos simpáticos são levados a se unir, como se explica que entre os encarnados a afeição frequentemente exista apenas de um lado e o amor sincero seja recebido com indiferença e mesmo com repulsa? Como, além disso, a mais forte afeição entre dois seres pode se transformar em antipatia e, algumas vezes em ódio?

Não compreende, então, que seja um resgate, embora passageiro? Além disso, quantos existem que pensam amar perdidamente porque julgam apenas as aparências, e, quando são obrigados a viverem juntos, não demoram a reconhecer que se tratava somente de uma paixão material! Não é suficiente estar se relacionando com uma pessoa que te faz bem e que imagina ser dotada de belas qualidades; é vivendo realmente com ela que poderá apreciá-la. Quantas uniões, por outro lado, que a princípio pareciam incompatíveis e com o correr do tempo, quando ambos se conheceram melhor , se transformaram num amor terno e durável porque foi baseado na estima recíproca! É necessário não esquecer que o Espírito é quem ama, e não o corpo, e que, dissipada a ilusão material, o Espírito vê a realidade.

Há duas espécies de afeição: a do corpo e a da alma, e frequentemente se toma uma pela outra. A afeição da alma, quando pura e simpática, é duradoura; a do corpo é perecível; eis porque os que se julgam amar com um amor eterno acabam se odiando, quando passa a ilusão.