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Há pessoas desinteressadas, mas sem discernimento, que prodigalizam os seus haveres sem proveito real, por não saberem empregá-los de maneira razoável. Terão por isso algum mérito?

Têm o mérito do desinteresse mas não o do bem que poderiam fazer. Se o desinteresse é uma virtude, a prodigalidade irrefletida é sempre, pelo menos uma falta de juízo. A fortuna não é dada a alguns para ser lançada ao vento como não o é a outros para ser encerrada num cofre. E um depósito de que terão de prestar contas, porque terão de responder por todo o bem que poderiam ter feito e não o fizeram: por todas as lágrimas que poderiam ter enxugado com o dinheiro dado aos que na verdade não estavam necessitados.